terça-feira, 26 de março de 2013

04/02 "nem um pensamento, nem sei se ao menos respirava"


04/02
A insatisfação com a austeridade do ashran era geral, por isso resolvemos passar um dia e uma noite em Bodh Gaya. Alugamos um jipe e saímos as 6 hs e chegamos lá ao meio dia. Cidade linda, cheio de hotéis de luxo e lotada de monges tibetano de carro, de bicicleta a pé, charrete etc. e muitos turistas ocidentais e orientais em geral. budistas do mundo inteiro. Bodh Gaya é a cidade que o Buda se iluminou. Ficamos no pior hotel da região (escolhido pelo nosso monge que não entende nada de conforto e que alegou que o hotel parecia um ashran). O hotel era embolorado, os quartos sujos e fedido e o banheiro não funcionava. era nojento. mas como na empolgação ele já havia pago adiantado e eram uma noite só resolvemos ficar. Fomos caminhando até o templo onde fica a árvore que o Buda ficou sentado por 8 anos e atingiu a iluminação. A cidade é toda colorida, uma alegria só. O templo budista maravilhoso, deslumbrante, as paredes todas talhadas, típica arquitetura hindu. Era tudo muito bem organizado e podia-se caminhar livremente por tudo. Chegamos na árvore. a base dela está cercada mas ela está tão grande que seus galhos espalharam-se por quase todo o templo e estes galhos são sustentados por ferro. A volta dela toda é rodeada por tapetes para os devotos meditarem. Fiquei observando e vi que tinha muitos pássaros e esquilos nela.
De repente uma folha seca caiu e foi uma correria de devotos disputar a folha, tinha até briga. Era assim, toda vez que caia uma folha era uma correria e uma disputa. Vi em um canto um grupo de monges vestidos com hábito vinho (da cor do Dalaia Lama acho que são mais adiantado) sentados imóveis meditando e uma chuva de folhas caiu sobre eles, mas adiante uma monja meditando e uma chuvas de folhas caiu sobre ela. resolvi então sentar e meditar. Ao meu lado duas mulheres chinesas (acho que eram mãe e filha) entoavam sem cessar um mantra repetitivo acho que a muito tempo. fiquei em silêncio e entrei no mantra delas e tudo foi ficando longe, longe, só ouvia aquelas vozinhas lá no fundo e mais nada, nem um pensamento, nem sei se ao menos respirava. Não sei quanto tempo durou aquilo. De repente elas pararam e também fui voltando. resolvi fazer minhas crias e de repente...ploft, bem no meio da minha cabeça.pus a mão e era uma folha. (estou levando-a para o Brasil)
Budygaya é linda mas ao longo dela tem um rio que não é cuidado, muito fedido, um esgoto ao céu aberto e por isso tem muito pernilongo. De vez em quando passa um caminhão saltando uma fumaça para matá-los. com tanta riqueza e monastérios não sei porque não se reúnem e tratam deste rio. Percebi que na Índia é sempre assim. O belo estonteante convivendo com o feio repugnante. Meu guru dizia que se a terra fosse perfeita iria ferir a lei divina da evolução pois  reencarnaríamos aqui por toda eternidade. Acho que se a Índia fosse perfeita ela teria muito mais que seus 1 bilhão e trezentos mil habitantes.
"faz-me enxergar por traz do véu de maia"
om paz amem

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